Espiritualidade e vocação franciscana na Quaresma

A espiritualidade de São Francisco de Assis auxilia para que a vocação e a vida estejam ainda mais unidas a Cristo na Quaresma. Leia aqui!

A Quaresma é o período de quarenta dias que antecedem a paixão e a páscoa do Nosso Senhor, tempo de abandono à providência, tempo de viver uma completa conversão.

Iniciamos as reflexões com a Quarta-feira de Cinzas, recordando a nossa dependência de Deus, se não fosse pela sua infinita misericórdia e amor, o que seríamos de nós?

Jesus assumiu a nossa humanidade: teve fome, teve dor

"Cresceu diante dele como um pobre rebento enraizado numa terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos." (Is 53, 2)

O Filho de Deus nasceu e morreu pobre. Chorou, jejuou, não teve onde reclinar a cabeça, foi traído, tentado, preso, maltratado, morto. "O Amor não é amado", lamenta São Francisco de Assis.

Entretanto, corajosas e corajosos, tal qual o santo franciscano, puderam e podem notar beleza naquelas chagas e naquele sangue, e ainda mais corajosamente buscaram amá-lo de volta, segui-lo.

Nesse período da Quaresma, Ele também nos chama a viver a experiência do deserto, de um jejum, sobretudo, de coração, evitando todo pecado e buscando a reconciliação com Deus e nossos irmãos, deixando a alma vulnerável para que Ele a possa transformar.

Para o povo de Deus, o deserto antecede a terra prometida, o Céu, esperança e confiança final que temos na providência!

“Francisco mostrou aos seus irmãos que eram os verdadeiros hebreus, atravessando o deserto deste mundo, como peregrinos e estrangeiros e que deviam sem cessar, com a alma de pobre, celebrar a Páscoa do Senhor, isto é, a passagem deste mundo ao mundo do Pai” (LM 7, 9).

São Francisco assumiu os sofrimentos de Cristo: as chagas

A marca que São Francisco deixou no mundo, buscando seguir os passos de Jesus, deixou também marcas nele próprio.

"Francisco se movimentava com espontaneidade numa atmosfera pascal. Era como se fosse a sua própria casa, uma vez que sua identificação com Cristo o levava a viver em si mesmo o que era de mais central no destino e no comportamento de Jesus" (Dicionário Franciscano, p. 533). 

Nosso padroeiro costuma rezar fervorosamente com bastante frequência, conta-se que realizava cinco Quaresmas durante o ano, entre elas durante os períodos do Advento, da Epifania, da Festa de São Pedro e São Paulo, da Assunção de Nossa Senhora e, nesse caso, em honra a São Miguel Arcanjo.

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Em 17 de setembro de 1224, decidiu fazer essa especial oração mais isoladamente no Monte Alverne, foi nesse dia que Cristo crucificado desce do céu até ele em forma de um serafim e impressa na pele de Francisco seus estigmas, feridas iguais a de Nosso Senhor.

Neste sublime momento em sua história, assim rezou: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua cruel paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores”.

Essa tamanha entrega nos lembra e inspira a um maior abandono a Deus, o que verdadeiramente dá sentido à vida e nos mantêm firmes, mesmo em meio às mais difíceis provações. Estamos aqui na terra, mas não pertencemos a ela, "Portanto, quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida" (Mt 16,25).

E nós, assumimos os nossos pecados?

"O céu aberto em cima de minha cabeça. O Inferno aberto sob meus pés. E o cristão, no meio!"

Estamos abertas para Deus ou somente para nossas próprias vontades?

Com essa frase, São Francisco de Assis demonstra o livre arbítrio dado a Deus por nós, Ele não apenas nos trouxe salvação, amor e vida, mas também oferece-nos liberdade para que possamos tomar nossas próprias decisões e lidar com as consequências delas. Mas não nos esqueçamos que seu desejo é sim de reciprocidade em seu relacionamento com Ele.

O primeiro passo para uma maior proximidade com Jesus é olhar para o nosso interior, analisar nossa consciência e perceber o que falta a ser melhorado ou mudado e, então, buscar o sacramento da confissão, mostrando ao Senhor que desejamos também agradá-lo e melhorar e intensificar o nosso amor.

Assumir a pobreza e a humildade da vocação franciscana

Na vocação franciscana, a pobreza e a obediência já são premissas por meio dos votos, além de ser uma escolha e renúncia de todo dia.

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Ainda outros aspectos são fundamentais em nosso carisma: a humildade, base para que todas as outras virtudes não esperem por vanglória, mas sejam bem proveitosas para o crescimento espiritual; fraternidade e o serviço, vistas em primeiro lugar na própria atitude de Cristo na Quinta-feira Santa, onde o Mestre lava os pés dos discípulos, motivando-os a fazer o mesmo; o anúncio da paz, o qual surge com o pedido de Jesus para levar aos próximos a Boa Nova da ressurreição no Domingo de Páscoa; a fé, o perdão, a verdade, entre muitos outros!

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Paz e bem!

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